Gostaria de contar um pouco da minha história na política.
Em 1982, era vizinho do prefeito da cidade que morava (Diadema), coincidentemente, a casa ao lado da minha era o comitê eleitoral da então candidata oficial do prefeito, me lembro que foi meu primeiro contato com polítca, lembro de ver na TV as fotos dos candidatos e do quanto aquele moço de barba nos assustava por ser comunista.
Depois disso, sempre fui antenado em política, claro com os limites da idade e do que meus pais impunham, me lembro de votar juntamente com minha avó que era deficiente visual no Jânio Quadros, a pedido dela, e adorava o botom da vassourinha (cá prá nós uma sacada de marketing), lembro da minha tia, que era do PT, em discussões homéricas em família, lembro-me quando ela me deu o Manifesto Comunista em quadrinhos.
Lembro-me do terror que se abateu em nossas casas em 1989 quando aquele moço de barba que me assustava, assustava muita gente que achava que ele ia dividir as casas, as rodas dos carros, as roupas, sapatos tudo em partes iguais e seria um país quase apocalíptico caso ele vencesse.
Com tudo isso, em 1992 através da influência que tive durante a vida, da minha tia, meus primos e de alguns professores, resolvi descobrir o que aquele moço com barba de 1982 e 1989 tinha que punha tanto medo em muita gente.
Descobri que na verdade aquele moço bradava na época a defesa do socialismo (que já abandonou há uns 10 anos pelo menos) e foi aí que comecei a estudar e entender porque isso assustava tanta gente (uns com razão, outros sem nenhuma razão, frutos da mídia de massificação e do terror que a ditadura militar impôs ao país classificando todos que se opunham à ela de comunistas e terroristas, associando uma coisa à outra), depois fui entender que o moço de barba que era conhecido como Lula, na verdade não tinha muita clareza sobre o socialismo que defendia, assim como seu partido, e foi assim, pesquisando e procurando que encontrei em 1992 o PCdoB.
Logo em seguida o movimento estudantil fervilhou, criamos um grêmio na Escola Técnica que estudava, o Fora Collor já era uma bandeira concreta, Anos Rebeldes ajudou um pouco a mostrar a força que os estudantes tinham e tomamos conta das ruas, nessa época conheci a UJS.
Depois disso militei no PCdoB em Diadema, na UMES-SBC, e acabei em 1996 vindo parar em Limeira, cursar a Universidade, em 1997 fui convidado a integrar o governo que apoiávamos em Diadema e tranquei a faculdade para cumprir mais esta tarefa pelo partido. Também integrei o DCE da UNICAMP e o Centro Acadêmico da Faculdade.
Procurei o PCdoB em Limeira que se resumia a uma única pessoa em Limeira, um camarada valoroso, mas com sérias limitações de compreensão, vivia um certo conflito com sua vida partidária e religiosa, nesse período acabei me afastando do partido até 2007, quando fui convidado a integrar a direção Municipal do partido em Limeira, e infelizmente devido à uma série de equívocos da Direção Estadual, acabou por culminar com minha desfiliação em julho de 2008.
Hoje não pertenço mais as fileiras do PCdoB, mas aprendi muito no partido, compreendi questões que jamais compreenderia em qualquer outro lugar, conheci camaradas de extremo valor, e ainda acredito que a linha teórica do partido está correta, porém sua condução me parece equivocada por parte da direção. Infelizmente a direção estadual de São Paulo não me deixou nenhuma brecha para permanecer no partido, pois sei que a história do partido mostra seus erros e acertos, e acredito que o Partido reencontrará através de sua militância que pode e deve questionar direções autoritárias e destituí-las, reforçando a renovação tão importante para o movimento revolucionário e que a história demonstra ser o melhor caminho para evitar vícios e pseudo onipotência das direções superiores.
De qualquer forma deixei muitos amigos no partido e espero reencontrá-los na luta ao longo dos anos.
quarta-feira, 2 de julho de 2008
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